
Ser humano, não me destruas...
Eu te ofereço:
O chão seguro para teu passo firme,
O silencioso vale onde tua messe é pródiga,
A planície calma onde apascentas o gado,
A mansa colina de teu horizonte azul,
O monte suave onde tua fonte canta.
Se ainda assim não te bastar,
Rasgue-me o ventre e tire-me das entranhas:
O metal dourado para tua moeda,
O duro aço de tua ferramenta,
O negro líquido que te move e aquece,
A preciosa pedra de teu ornamento,
A fina areia que te move o tempo,
A pura lama que te embeleza e cura,
A cerâmica para o teu cântaro e para o teu teto,
A argila que te obedece a molde,
O alicerce para tua morada.
Rogo-te:
Não me tires o manto verde,
Que dá o oásis de tua caminhada,
Porque hás de te lembrar,
Que do pó tu surgiste,
E ao meu seio tu voltarás...
(Walter Rossi)